domingo, julho 29, 2007

 

Jia Zhang-ke




Não sou um dos grandes fãs de Jia Zhang-ke, ao menos quando comparado aos meus amigos em geral. Em especial em se tratando de O Mundo e Still Life, seus últimos. Eu vejo um problema sério na relação dele com o tempo dos filmes, em o Mundo eu achava que ele era gratuitamente frenético, e esse sendo gratuitamente lento. Mas é só uma impressão, e eu odeio esse conceito de gratuito, não vejo muito sentido, só não achei um termo melhor. Quando assisti pela primeira vez na Mostra (cópia tosca), eu tinha achado a primeira parte muito foda, e que o filme ia decaindo severamente depois quando partia para a jornada da mulher, como se ele desacertasse seu tom e nunca mais o encontrasse. Desta vez, achei quase o contrário. Gosto do começo, mas com menos entusiasmo, e acho que ele finalmente se encontra quando começa a jornada dela. Até acho que ele decai no final. Apesar de não conseguir entrar nos filmes dele pra valer, tirando o Plataforma com o qual tenho outros tipos de problemas embora ache um grande filme, o Jia no Still Life continua sendo um dos cineastas mais habéis em conhecer os espaços em que está filmando, utiliza as locações com primor, cada um dos seus detalhes. Mas o que me motivou a escrever sobre ele, são os mistérios do Jia. Os filmes dele são recheados de momentos surreais, súbitos, que surgem sem um propósito evidente dramaturgico, que confundem brilhantemente a lógica dos filmes. São seqüências como aquela em que um cara com peito besuntado canta com luzes gritantes para os operários. São pequenas perólas que surgem do nada. Coroadas por cortes certeiros. Posso ter meus problemas com Jia, mas ele é tudo menos um dispositivista qualquer.
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